Aventuras, Amizades e Saudades – Vida de Caminhoneiro

Por Elisa Macedo

Postado em 23 de abril de 2014

Aventuras

Heric Fabiano Serpa, 22 anos, auxiliar de escritório em uma transportadora de Juiz de fora, trabalha em contato direto com os caminhoneiros da empresa. Para ele, o trabalho pode ser estressante, pelos motoristas passarem tanto tempo dirigindo e perder o contato com os amigos e familiares durante esse período.

Sivoney, caminhoneiro e morador de Juiz de Fora

Mas, para Sivoney Jose da Silva, que foi influenciado por Carlinhos a se engajar na área, orgulha-se de ter vivido muitas aventuras pelo Brasil a fora. Um dos pontos que ele aponta com maior destaque é a oportunidade de se conhecer a cada dia novas culturas, tradições e hábitos de alimentação em todo o país.

Ligado nas comidas típicas das cidades e Estados que visitou, ele fala sobre algumas especialidades que experimentou e sobre onde tem ou não o costume de se comer o feijão preto, que é tão comum aqui em Juiz de Fora.

Já Messias conta que não perde a oportunidade de ficar para aproveitar os eventos nas cidades onde costuma viajar. Para ele, esse é um lado bom que a profissão de caminhoneiro permite ao trabalhador.

Messias prefere trabalhar com fretes, para não ter que passar tantos dias longe de casa.

Assim como Carlinhos, Sivoney se orgulha de conhecer o Brasil em praticamente toda a sua extensão. Muitas vezes chega a ficar por dias na estrada para se chegar ao destino final da viagem.

Ele conta que já passou 6 dias na estrada e a viajar tão longas distâncias que chegou a ficar bem perto das fronteiras do Brasil com a Bolívia, embora não tenha ido até lá.

Amizades

Caminhoneiro há tantos anos, Sivoney carrega no coração uma história de companheirismo construída nas estradas. Em uma de suas viagens, Sivonei fez uma grande amizade e se tornou padrinho da filha do rapaz, que chegou a viajar para Juiz de Fora para poder passar mais tempo com o amigo.

Uma história que ele mesmo classificou como “bonita”, mas que infelizmente seu amigo já não vive mais.

Messias também relata que muitas amizades foram construídas pelo caminho e ao longo dos anos devido ao fato de trabalhar com o caminhão.

Ele aproveita para falar das dificuldades que enfrentou no início da carreira.

Saudades

Carlinhos teve que abandonar as estradas recentemente, mas o desejo de voltar a trabalhar com o caminhão ainda é grande. Depois de tantos anos trabalhando para uma mesma empresa, ele aprendeu muitos truques para se proteger dos perigos das rodovias.

Carlinhos alimentou o sonho da infância e virou caminhoneiro aos 18 anos.

Ele dá a dica de que os motoristas devem evitar pegar a estrada depois das 8 da noite, procurar sempre por postos de paragem para caminhoneiros, ter uma boa noite de sono e evitar dirigir sozinho.

Não são raros os casos de assaltos a carga, ou mesmo ao caminhão nas vias brasileiras, uma vez que a falta de segurança nas estradas e a distância entre postos nas rodovias tornam os motoristas presas fáceis caso um pneu estoure, ou algum imprevisto aconteça no meio do caminho.

Mas, mesmo com situações difíceis a serem enfrentadas ele não nega o desejo de voltar.

A preocupação e a saudade estão sempre presentes na vida destes trabalhadores e das pessoas que fazem parte de suas vidas.

Passando dias longe de casa, a ausência do marido dentro de casa é fertilizante para mentes que gostam de produzir histórias criativas sobre a vida alheia. Muitas esposas de caminhoneiro sofrem, ou já sofreram com “burbúrios” de serem traídas, ou de traírem seus esposos. Uma situação não tão fácil de lidar.

Marcilene Souza, 31 anos, casada há 21 anos com um motorista de caminhão que trabalha apenas na cidade diz que esse tipo de comentário é “normal”, porém , segundo ela “ é necessário a mulher ter consciência de que esse tipo de comentário pode aparecer e não brigar por causa desse tipo de situação”.

Mas, Cristina, esposa de Carlinhos, confessa que no início sentia muito ciúmes do esposo.