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As novas faces da violência

Por Tamiris Toschi

O Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) terá o novo Laboratório de Estudos sobre Violência. A decisão foi tomada na última sexta-feira (25) em uma reunião da comissão que discuti sobre o Plano Municipal de enfrentamento a Violência.

A comissão de estudo será formada por profissionais da UFJF, faculdades particulares, Câmara Municipal, Prefeitura, OAB, Polícia Militar e outros órgãos que combatem à criminalidade. No dia 8 de novembro está prevista uma reunião, na qual estas entidades devem fazer a indicação dos nomes oficiais que vão trabalhar com as pesquisas e definir as estratégias para o trabalho do laboratório.

O Laboratório surgiu à partir da constatação do aumento da taxa de violência em Juiz de Fora. Segundo Paulo Fraga, diretor do CPS, a ideia é unir forças em uma comissão para discutir ações preventivas de combate a violência.  Fraga será o responsável por gerenciar as pesquisas do futuro laboratório.

Confira a entrevista completa com diretor do CPS:

Dados sobre a Violência em Minas Gerais

O último levantamento do DataSus realizado entre os anos 2001 a 2011 mostra que o índice de morte violenta em Minas Gerais cresceu de 49 para 73 por 100 mil habitantes. Um aumento de 48%.

No estado, o aumento ocorreu tanto para mortes no trânsito quanto para assassinatos. Em 2011, 33% das mortes violentas foram por acidentes de transporte e 30% por homicídios. Os dados apontam que os casos de assassinato crescem inclusive no interior do estado.

gráfico

Tabela do Mapa da Violência com dados dos estados.

A Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais (Seds) divulgou em sua página oficial a pesquisa do Centro Brasileiro de Estudo Latino Americano que aponta a diminuição da taxa de homicídios. Esse estudo também levou em conta o levantamento nos anos de 2001 a 2011. A queda é na taxa de homicídios que passou de 22,6 em 2004, para 21,5, em 2011.

A divergência entre os dados acontece porque as informações apresentadas pela pesquisa da Seds, leva em conta os dados iniciais do Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), antigo boletim de ocorrência. Estes registros estão em um banco de dados unificado entre Polícia Cívil, policia militar, corpo bombeiros e sistema prisional.

A Policia Militar (PM) é quem registra mais de 99% dos REDS. Segundo Wanessa Andrade, assessora da Polícia Cívil, no levantamento do Reds a PM pode registrar, por exemplo, uma ocorrência de lesão corporal em que a vítima saiu com vida. Algum tempo depois esta morre por conta da lesão. O registro da PM no REDS foi de lesão corporal, mas quanto o caso chega à polícia civil e é investigado, pode ser constado que houve um homicídio. Porém o que ficou registrado e foi para a estatística é a questão da lesão corporal. Nesse sentido será contabilizada lesão corporal ao invés de homicídio que é uma morte violenta.

O DataSus, departamento de informática do sistema único de saúde, leva em conta os registro na área de saúde.

Wanessa Andrade, com base nos dados da Polícia Civil, afirma ter cidades do interior do estado que tem o índice de violência maior que o de Juiz de Fora, mas que mesmo assim a morte com violência também cresceu na cidade.

Segundo a assessora, o levantamento da Policia Civil se diferencia dos resultados de pesquisa da Seds porque leva em conta os resultados dos inquéritos policias. Ou seja, o motivo final do fato, que nem sempre é igual ao registro inicial da policia militar.

Apesar desse crescimento percentual na taxa de homicídios, Minas ainda possui a segunda melhor taxa de homicídios. Esse dado leva em conta a densidade populacional. São 21,5 mortes a cada 100 mil habitantes. Minas perde apenas para São Paulo que tem a taxa de 13,5.

Mensalmente a Secretária de Estado de Defesa Social publica em seu site oficial um relatório com os índices de criminalidade. Confira o de setembro.

Confira a entrevista completa com Wanessa Andrade:

Mobilização Online em combate a violência

A população está se mobilizando na rede para combater o aumento no índice de violência.

Na cidade de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, um grupo de estudantes criou em agosto de 2011 um site, no qual podia ser feita a denúncia de algum tipo de violência que sofreram, sendo esta registrada ou não.  O site não está mais no ar, mas foi noticias em diferentes jornais online.

101 lugares

Página no Facebook sobre lugares de risco em Juiz de Fora

Em Juiz de Fora a página no facebook “101 lugares para ser assaltados em Juiz de Fora”   divulga fotos de lugares em Juiz de Fora onde os administradores da página ou seguidores sofreram algum assalto.  Além das fotos, a divulgação vem acompanhada de um texto e classificando a periculosidade do local.

A página foi notícia no JFhipermídia quando tinha ainda 520 seguidores, hoje com 7.896 seguidores, o administrador da página nos fala que a adesão acontece porque as pessoas se identificam com a causa.  “Sabemos que muita gente curte por causa do humor, mas achamos que o principal é aquilo de um amigo ir marcando o outro que já foi assaltado ou passou aperto. Isso vai virando uma bola de neve. É a bola de neve da violência juiz-forana, que está soterrando geral.” Afirma o administrador da página que preferiu não se identificar.

Paulo Fraga afirma que os dados dessas mobilizações online também podem ser utilizado como objeto de pesquisa, para o diretor, o objetivo do laboratório é fazer um estudo interdisciplinar sobre a violência.

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