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Séries de TV se destacam pela atual convergência midiática

Leonardo Alves, Postado em 28 de abril de 2014

De uns tempos para cá, as séries de TV foram conquistando os telespectadores e caindo no gosto popular. O número de pessoas que acompanham seriados cresceu bastante nos últimos anos. Mas o que era para ser produzido exclusivamente para a TV, tem ganhando espaço nas outras mídias e até mesmo fora delas. A internet e as redes sociais contribuíram para que as séries saíssem da telinha e ganhasse novos ares. É possível hoje assistir os seriados na internet, comentar com outros fãs nas redes sociais em tempo real e até fazer downloads posteriormente para assisti-los quando e quantas vezes quiser.

 

O estudante Igor Rodrigues acompanha 23 séries atualmente (Foto: Arquivo Pessoal)

O estudante Igor Rodrigues acompanha 23 séries atualmente (Foto: Arquivo Pessoal)

O estudante de Ciências Sociais, Igor Rodrigues, se considera um viciado em séries e acompanha atualmente 23 seriados. O estudante também colunista do site Temporada em Série, um site totalmente dedicado a esse universo com notícias, audiências e calendário de exibição de episódios. Para ele, toda a convergência atual é positiva. “Os produtores precisam sempre arranjar formas diferentes para prender a audiência do público. E o público está na internet. É melhor porque podemos ter uma democratização das mídias e não ficar preso o tempo inteiro pela televisão”, declarou Igor.

A jornalista Paloma Destro também vê com bons olhos a convergência em torno das séries. “Atualmente não só os seriados, mas acredito que todo produto midiático de televisão precisa apostar na convergência, seja para a distribuição, retorno ou medição de audiência. A convergência é sim positiva, na medida em que pode trazer novos fãs para um produto que passa na televisão e vice-versa”, declarou.

O gosto de Paloma por séries de TV, inclusive, ultrapassou a barreira do hobby e virou tema de pesquisa acadêmica. A jornalista atualmente é mestranda do da linha de comunicação e identidades do PPGCom da UFJF e tem como objeto de estudo o papel que as mulheres exercem na série Game of Thrones. “Desde a graduação, sempre me interessei em pesquisas sobre produtos de ficção televisiva e escolhi Game of Thrones por ela ser de meu interesse e consumo midiático naquele momento. Em nosso meio social, as mulheres foram ganhando mais espaço, relevância e protagonismo. Isso também se dá na série, já que, apesar de ser ambientada na Idade Média, a narrativa possui questões identitárias atuais. No que concerne às mulheres, apesar delas não empunharem espadas e irem para a luta corporal, elas arquitetam os planos e influenciam as decisões, tendo papel de destaque”, disse.

A jornalista Paloma Destro visitando a exposição com itens da série Game of Thrones (Foto: Arquivo Pessoal)

A jornalista Paloma Destro visitando a exposição com itens da série Game of Thrones (Foto: Arquivo Pessoal)

Um exemplo da aposta dos produtores dos seriados na convergência foi a exposição GOT Exhibition, que está levando itens de Game of Thrones para cidades de todo o mundo e que este ano aconteceu na cidade do Rio de Janeiro. A entrada foi gratuita e os visitantes puderam tirar fotos e ainda ganharam kits da exposição. “Com a exposição, há todo um retorno midiático para a série e para o canal HBO Brasil, demostrando o poder da convergência. Na semana que a exposição esteve no Rio, observei que a página oficial da HBO Brasil sobre Game of Thrones ganhou novos milhares de curtidas”, comentou a jornalista que conferiu de perto a exposição.

 

SocialTV: um novo conceito em assistir seriados

A convergência existente hoje em dia não se deve apenas aos avanços tecnológicos, mas também a fatores culturais. Para um produto televisivo ficcional fazer sucesso, não basta estar em várias mídias, deve se levar em conta o comportamento dos consumidores nestas mídias.

A Professora Gabriela Borges comenta sobre o fenômeno da SocialTV (Foto: Leonardo Alves)

A Professora Gabriela Borges comenta sobre o fenômeno da SocialTV (Foto: Leonardo Alves)

Para Gabriela Borges, professora do Departamento de Comunicação e Artes da Faculdade de Comunicação da UFJF, o consumidor atualmente tem papel fundamental na disseminação das narrativas seriadas. “Os produtores perceberam que as pessoas não estão assistindo somente a televisão e comentando com os amigos mais próximos de seu círculo social. Eles estão ligados em diversos meios 24 horas por dia e tem interesse em compartilhar as informações que eles recebem das narrativas. E não compartilham apenas as informações, mas também suas sensações e emoções relacionadas a essas histórias nas redes sociais”, afirmou Gabriela.

Esse fenômeno que relaciona os avanços tecnológicos na forma de se assistir TV atualmente com o comportamento do consumidor tem sido chamado de SocialTV. A professora Gabriela Borges comenta sobre esse conceito. “A SocialTV é um fenômeno bastante interessante, porque a televisão sempre foi social e seus produtos são feitos para serem discutidos em grupos. Mas agora existe uma nova forma nesse laço social que a televisão sempre proporcionou, que é a possibilidade de comentários em tempo real.  É uma nova forma de fruição da TV, que está sempre procurando se reconfigurar”, explica. Ouça a fala completa da professora Gabriela Borges no link abaixo.

 

Como lidar com os spoilers?

Todo bom seriador abomina os spoilers espalhados pelas redes sociais logo após a exibição dos seriados. Cada um lida de um jeito para tentar não ficar sabendo de alguma novidade antes de assistir um seriado completo. O analista de tecnologia da informação, Thiago Nery também é um apreciador convicto de séries de TV e tenta se desconectar da internet quando não pode assistir os episódios de suas séries favoritas. “Eu tento me desconectar totalmente das redes sociais e da internet. Por exemplo, a estreia da quarta temporada de Game of Thrones eu não pude acompanhar e desconectei até a internet no celular. Por mais que eu já tenha lido os livros e já sabia o que aconteceria, é sempre bom manter a surpresa de como será retratado na série de TV”, comentou Thiago.

 

O estudante e colunista do Temporada em Série, Igor Rodrigues é bem mais radical. “As pessoas que sabem do meu vício por séries sabe que abomino spoilers. E as pessoas que acabam postando informações dos episódios antes de eu assistir, dependendo, são passíveis de exclusão da pessoa das minhas redes sociais. Acho que devemos respeitar quem ainda não viu o episódio, que sempre gosta de ter a surpresa”, afirmou.

Já a jornalista Paloma Destro não se importa tanto com os spoilers. “Eu não me importo de ficar sabendo o que vai acontecer e adoro contar para as pessoas aquilo que me anima e me motiva a gostar do produto. Não meço o que quero postar pelos outros. O problema é que muitas pessoas odeiam  e acabam brigando comigo. Sempre na brincadeira, claro!”.

 

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